A Toyota fez a sua estreia no Campeonato Mundial de Resistência em 1983 e deu início a um longo período de participações em provas de resistência, entre as quais as 24 Horas de Le Mans. A primeira aparição da marca nipónica na mítica prova francesa aconteceu em 1985 e desde então a Toyota já soma 17 participações na corrida que todos os anos se realiza no Circuit de la Sarthe e cinco segundos lugares (1992, 1994, 1999, 2013 e 2016).
Agora, e numa altura em que já decorrem os treinos livres para a edição deste ano, que se realiza nos próximos dias 17 e 18 de Junho, a Toyota reuniu 24 curiosidades das suas participações na mítica corrida francesa, bem como da prova em si.
1. Porquê 24 horas? A ideia inicial de uma prova de resistência foi de Georhes Durand, fundador do club que a viria a organizar. Em 1922 solicitou a Charles Faroux e Emile Coquile que desenhassem a prova e estes propuseram uma corrida de 8 horas, quatro delas de noite. Jean-Marie Lelièvre, membro do Automobile Club de l’Ouest, foi quem disse: "E porque não 24 [horas]?".
2. 18 anos de Le Mans. A primeira vez que a Toyota alinhou um carro nas 24 Horas de Le Mans foi em 1985 (85C-L). Desde então a marca nipónica já participou em 18 edições com 44 carros em diferentes categorias e ficou na segunda posição geral por cinco ocasiões (1992, 1994, 1999, 2013 e 2016).
3. A primeira edição das 24 Horas de Le Mans. Foi em 1923. Numa altura em que a fórmula "Grand prix" já era popular, as 24 Horas de Le Mans foram criadas como uma alternativa em que a vitória não só dependia da velocidade como também da fiabilidade das máquinas e da resistência dos pilotos.
4. O primeiro Toyota que participou em Le Mans. O 85C-L tinha um motor de quatro cilindros turboalimentado de 2,1 litros. Alinharam na corrida francesa dois carros, das equipas TOM Motorsport e Dome Motorsport. O primeiro, com Nakajima/Sekiya/Hoshino, terminou na 12ª posição. O segundo foi o carro mais rápido dessa edição: fez melhor tempo nos treinos e a melhor velocidade de ponta (301 km/h).
5. Velocidades de outra época. A velocidade média da volta mais rápida na primeira edição de Le Mans foi 107,3 km/h. Foi da equipa de John F. Duff e Frank Clement, que acabariam na quarta posição. Na segunda edição das 24 Horas de Le Mans esta dupla acabaria por vencer, ainda que com menos voltas feitas do que na edição inaugural.
6. Toyota passa para o V8. Depois de quatro edições com o motor de quatro cilindros em linha, a Toyota participou pela primeira vez na temporada completa do Campeonato do Mundo de Resistência com um novo carro em 1989. Em Le Mans alinhou com três 89C-V, de motor V8 biturbo de 3,2 litros. Mas apesar dos resultados prometedores no campeonato, em Le Mans não teve a mesma sorte, e nenhum carro chegou ao fim.
7. Triple Crown. Ganhar as 24 Horas de Le Mans, o G.P. do Mónaco e as 500 Milhas de Indianápolis. Só Graham Hill o conseguiu e apenas Anthony J. Foyt foi capaz de ganhar duas destas três corridas no mesmo ano (24 Horas de Le Mans e 500 Milhas de 1967). No conjunto de pilotos no activo, só Juan Pablo Montoya já ganhou duas destas três provas, Indy 500 em 2000 e 2015 e G.P. do Mónaco em 2003.
8. O dobro da distância. A distância que correu o vencedor da edição de 2016 é mais do dobro da do vencedor de 1923. Nessa primeira edição, André Lagache e René Léonard fizeram 2.209 km nas 24 Horas, enquanto os vencedores de 2016 percorreram 5233 km.
9. A recta "Ligne Droite des Hunaudières" de 6 km. Até 1990, parte do traçado era formado por uma "quase" recta que inicialmente era parte da estrada nacional N138 entre Mulsanne e Arnage, com uma curva ampla chamada Indianápolis. Em 1990 foram instaladas duas chicanes para limitar a velocidade máxima nesse ponto.
10. Toyota voa em Hunaudières. Na edição de 1989, quando ainda não havia as duas chicanes para reduzir a velocidade no final de Hunaudières, o Toyota 89C-V da equipa de Lees/Dumfries/Watson alcançou uma velocidade de ponta de 367 km/h. Actualmente não se alcança uma velocidade tão alta.
11. Eddie Hall correu sozinho. Nas 24 Horas de 1950, Hall tinha um piloto de reserva, Tom Clarke, mas a sua intenção era correr sem ele. Deu 236 voltas à pista, fez mais de 3.200 km, classificou-se em oitavo e foi o único piloto a conduzir durante toda a prova. Ainda assim, Clarke também aparece na classificação…
12. Primeiro pódio da Toyota. A primeira vez que a Toyota subiu ao pódio em Le Mans foi em 1992. Havia dois carros diferentes para cinco equipas: três unidades do 92C-V e duas do novo TS010. Este último, nas mãos da equipa de pilotos Sekiya/Raphanel/Acheson, terminou a prova na segunda posição e com 346 voltas feitas (4.706 km).
13. Dobradinha de LMP1. Em 1994 entrou em vigor a nova regulamentação para protótipos LMP1, limitados por peso, depósito e entrada de ar em relação aos GT. Os Toyota 94C-V acabaram na segunda e quarta posição absoluta, e ganharam na nova categoria LMP1 (Irvine/Martini/Krosnoff), onde fizeram uma "dobradinha".
14. O piloto com mais vitórias nas 24 Horas Le Mans. Tom Kristensen, com 9. A primeira foi em 1997, no primeiro ano em que participou, depois de ter entrado na equipa à última da hora para substituir o lesionado Davy Jones. O piloto dinamarquês correu com quatro marcas diferentes (Audi, Bentley, BMW e Porsche) e venceu com três, e a marca que deixou em Le Mans foi tão grande que lhe valeu o apelido de "Mr. Le Mans".
15. Toyota GT-One. A Toyota desenvolveu em 1988 o GT-One para a categoria GT1. O regulamento estabelecia inicialmente que para o carro poder competir tinha que ter uma versão de estrada com um preço de um milhão de dólares. E ainda que essa norma depois tenha desaparecido, a Toyota chegou a fabricar duas unidades dessa versão homologada.
16. O circuito mudou em treze ocasiões. Desde 1923 até agora já existiram 13 modificações de traçado e, como tal, há treze recordes de velocidade e de distância. O circuito mais longo foi o usado em 1923 e 1928, com 17,262 km. Desde 2007 até agora, a distância é de 13,629 km.
17. Toyota volta a ganhar a sua categoria em 1999. O GT-One, com o nome interno TS020, participou na nova categoria LMGTP. Obteve a vitória na sua classe e o segundo lugar absoluto, a apenas uma volta da primeira, com os pilotos Katayama/Suzuki/Tsichiya.
18. Jacky Ickx mudou a partida. Tradicionalmente, os pilotos corriam até ao carro na partida da prova. Era perigoso porque não lhes dava tempo de ajustar o cinto de segurança. Como protesto, na edição de 1969 Jacky Ickx foi a andar para o carro em vez de correr. Ganhou a corrida e no ano seguinte já se deu a partida com os pilotos dentro do carro.
19. Toyota inova com o primeiro híbrido em Le Mans. A Toyota regressou a Le Mans em 2012, e fê-lo em grande, com o TS030 HYBRID na categoria LMP1. Esse automóvel acabou por ser o primeiro carro híbrido de gasolina a participar no Campeonato do mundo de resistência.
20. Dan Gurney criou a tradição do champanhe. Ganhou a edição de 1967, juntamente com A. J. Foyt. E quando lhe deram a garrafa de champanhe resolveu "regar" Jo Siffert (vencedor da classe), os fotógrafos, pilotos e chefe de equipa presentes. Siffert imitou Gurney e deram origem a uma tradição que dura até hoje. Actualmente, Gurney ainda conserva essa garrafa.
21. Potência híbrida. O sistema híbrido do TS030 HYBRID podia gerar temporariamente uma potência de até 300 cv, graças à energia cinética que se recupera nas travagens. Gracias a isso, foi capaz de baixar o tempo por volta em dois segundos por relação com as simulações feitas sem o sistema híbrido THS-R.
22. Jean Rondeau ganhou em casa. É o único piloto a ganhar em Le Mans com um carro com o seu nome. Também é o único vencedor de Le Mans que nasceu nessa localidade. A sua vitória foi em 1980, aos comandos do Rondeau M379B e formando equipa com o piloto Jean-Pierre Jaussaud.
23. Êxito depois de Le Mans. Os dois TS030 HYBRID acabariam por abandonar a prova de Le Mans de 2012. Mas depois de isso, Wurz e Lapierre terminaram em segundo em Silverstone e ganharam as 6 Horas de São Paulo, de Fuji e de Xangai. Foram a melhor equipa na segunda metade da temporada…
24. No pódio e campeões. A Toyota conseguiu o segundo lugar em 2013 com o TS030 HYBRID (Davidson/Sarrazin/Buemi) e em terceiro em 2014 com o TS030 HYBRID (Davidson/Buemi/Lapierre). A vitória em Le Mans continua sem aparecer, mas a Toyota demonstrou a competitividade da sua tecnologia híbrida ao conquistar o Campeonato do Mundo de Resistência em 2014.
Agora, e depois de em 2016 a Toyota ter visto o seu carro "morrer" a seis minutos do fim, entregando a vitória à Porsche, resta saber se a "maldição" continua ou se a marca nipónica sobe finalmente ao lugar mais alto do pódio em Le Mans.