"Quero electrificar a Alpine para preservar o seu nome para a eternidade", afirmou Luca de Meo, director executivo do grupo Renault.
O desafio foi aceite de imediato pela Alpine, que continua a inovar o A110 com soluções que o distinguem no mundo dos desportivos.
O icónico modelo ganha agora uma variante 100% eléctrica para celebrar os seus 60 anos com o novíssimo A110 E-ternité.
Pena é que se trata apenas de um protótipo; será apresentado este fim-de-semana em Paul Ricard, onde irá acontecer o GP França em Fórmula 1.
São poucas as diferenças de desempenho do A110 E-ternité face aos modelos equipados com o motor turbo de 1.8 litros.
Contra os 292 a 300 cv, e 320 a 340 Nm daquelas variantes, o motor do "irmão" eléctrico põe 242 cv e 300 Nm no alcatrão.
E, contra os 4,2 a 4,4 segundos que as versões a combustão demoram a cumprir os zero aos 100 km/hora, o protótipo só demora 4,5 segundos.
A velocidade máxima atinge os 250 km/hora, ligeiramente inferior aos 260 e 280 km/hora que os seus pares convencionais atingem.
A bateria de 60 kWh permite uma autonomia até 420 quilómetros, mas bem inferior aos 550 quilómetros com um depósito de gasolina atestado.
O objectivo colocado em cima da mesa significava electrificar o A110, mas com o mesmo desempenho, equilíbrio e agilidade do "irmão" com motor térmico.
Se o desenvolvimento parecia demasiado fácil de concretizar, foram somadas novas valências para complicar a tarefa.
O A110 E-ternité teria de ser equipado com um sistema multimédia inovador ligado ao telemóvel do condutor, para uma conectividade intuitiva e natural.
Baseado no Google ou Android, deveria permitir que todas as aplicações do utilizador ficassem centralizadas num único dispositivo.
A parte mais "simples" foi a própria electrificação do desportivo com material de outros modelos do grupo Renault. Os 12 módulos da bateria de 60 kWh são idênticos aos que equipam o Renault Mégane E-Tech eléctrico.
Todavia, para conseguir uma distribuição de peso ideal, foi preciso projectar cascos específicos para os módulos e adaptar a arquitectura interna.
Quatro foram instalados à frente e os restantes na parte traseira, obrigando os engenheiros a posicioná-los de uma maneira atípica. Conseguiu-se, desta forma, uma relação de equilíbrio de 42/58 contra os 43/57 dos "irmãos" alimentados a gasolina.
O peso total do Alpine A110 E-ternité foi contido de tal maneira que apenas aumentou 258 quilos face aos 1.120 que pesa o A110 original.
Conter a massa da bateria em 392 quilos foi essencial para o conseguir mas, mesmo assim, ultrapassou o objectivo de que o peso total fosse de 1.320 quilos, e não os 1.378 a que chegou.
Conseguir o melhor compromisso entre aceleração, velocidade máxima e autonomia eléctrica obrigou a criar uma caixa de velocidades inovadora.
Evitava-se, assim, a obrigação de ter baterias de grande dimensão para guardar a energia necessária para aqueles desempenhos.
A Alpine estudou com o seu fornecedor o desenvolvimento de uma transmissão de dupla embraiagem com controlo electrónico, como a do A110 tradicional.
Todavia, teria de ter embraiagens dimensionadas para lidar com binários elevados. A solução da dupla embraiagem permitiu evitar uma quebra no binário enquanto se manteve leve, compacta e eficiente.
O sistema electrónico adoptado misturou duas arquitecturas separadas por uma década. Dessa forma, foram mantidas as características do motor de combustão AS1, e somaram-se novas características presentes nos "eléctricos".
Entre elas contam-se o overtake e a comunicação entre duas baterias, com a instalação de um único módulo de controlo do motor.
É imprevisível se o A110 E-ternité alguma chegará à produção em série mas, para além das características eléctricas, há outras que o tornam apetecível.
A mais radical foi torná-lo num descapotável, com dois tejadilhos "injectados" com fibra de carbono reciclada que não colocam em causa a rigidez do carro.
O posto de condução combinou os requisitos de concepção com os da arquitectura electrónica. A cablagem foi feita directamente com o tabliê e usado o mesmo computador da interface.
Além de o resultado corresponder às expectativas, integra ainda um sistema áudio evoluído com oito altifalantes, incluindo um subwoofer.
Já o sistema de infoentretenimento serve-se do telemóvel do condutor para apresentar o ambiente e as aplicações que habitualmente usa.
A surpresa está para o final porque não foi construído apenas um mas sim dois E-ternité. O segundo protótipo reflecte a aplicação de materiais leves e mais amigos do ambiente produzidos em fibra de linho em algumas peças-chave.
Tão forte como a fibra de carbono mas com melhor acústica, a nova tecnologia foi aplicada no capô, tejadilho, janela traseira, grelha, saia traseira e estrutura dos bancos.
Além disso, o desenho das peças é agora compatível com os vários materiais compostos. Significa isso que o mesmo molde pode ser utilizado para produzir fibra de carbono, vidro ou composto de fibra de linho.
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