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Brexit lança caos no mundo automóvel

17:19 - 24-06-2016
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Brexit lança caos no mundo automóvel
Na sequência do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia (EU) soaram os alarmes. Entre as partes mais preocupadas estão os fabricantes de automóveis, que temem as novas taxas aduaneiras entre o Reino Unido e a União Europeia. Estas preocupações são ainda mais relevantes porque estamos a falar do segundo maior mercado automóvel da Europa logo atrás da Alemanha.

A BMW, que produz unidades da Mini e da Rolls-Royce em solo britânico foi uma das empresas que já comentou esta posição, alertando para o "período de incerteza" que se irá viver. "Não conseguimos dizer o que isto significa para as nossas operações no Reino Unido até os futuros regulamentos e arranjos legais serem acordados", afirmou a marca da Baviera em comunicado.

Outra das fabricantes de automóveis que se pronunciou foi a Opel, que declarou que era importante para a sua divisão britânica, a Vauxhall, continuar a fazer parte do Espaço Económico Europeu para beneficiar do mercado livre com a Europa, à imagem do que acontece com Liechtenstein, Noruega e Islândia.

Também a Aston Martin já veio a público afirmar que é fundamental o governo britânico assegurar um mercado isento de taxas entre o Reino Unido e os países da União Europeia. Os negócios da empresa passam a ser "orientados de acordo com a volatilidade que deverá existir durante o período de transição", garantiu Andy Palmer, CEO da Aston Martin.

Já os indianos da Tata Motors, proprietários do Grupo Jaguar/Land Rover, viram as suas acções cair 12%, a maior queda desde 2012. Recorde-se que a Jaguar Land Rover é o maior fabricante automóvel do Reino Unido e depende da Europa para a venda de 20% da sua produção global.

E agora? Esta é a pergunta que se impõe. Nissan, Toyota e Honda todas têm unidades de produção em Inglaterra que são maioritariamente destinadas à exportação para a UE. Só a Toyota produziu 190 mil carros no Reino Unido no ano passado, sendo que 75% desta produção foi exportada para a UE e só 10% foi vendida em solo britânico.

Já a Nissan, que está há três décadas no Reino Unido e produz 475 mil automóveis por ano no país, ainda não reagiu. Ainda assim, é curioso perceber que Sunderland, onde a Nissan tem as suas operações, foi um dos círculos eleitorais que votou a favor da saída da União Europeia.

A Coreia do Sul também é das partes mais atentas a este período de transição que irá preparar a saída do Reino Unido da UE. Preocupados com a possibilidade das importações passarem a ser taxadas com um imposto de 10%, a associação automóvel deste país teme que "os preços competitivos dos fabricantes coreanos no Reino Unido fiquem comprometidos face aos rivais japoneses e alemães que possuem unidades de produção no país".

Importância do mercado alemão

A Alemanha exporta cerca de 810 mil automóveis por ano para o Reino Unido, que se assume como o maior mercado de exportação para os fabricantes automóveis germânicos. Mas as ligações entre estes dois mercados não acaba aqui. É que a indústria automóvel alemã tem cerca de 100 unidades de produção em solo britânico, incluindo fornecedores, um número que de acordo com a VDA – Associação da Indústria Automóvel da Alemanha – até estava a crescer.

O Grupo Volkswagen, que detém a britânica Bentley, afirmou que ainda é cedo para avaliar o impacto desta votação. Por outro lado, Dieter Zetsche, CEO da Daimler, foi peremptório ao dizer que "este não é um bom dia para a Europa nem para o Reino Unido", acrescentando ainda que "geograficamente, o país pode ser uma ilha. Mas política e economicamente não o é".

A Evercore, uma conceituada Consultora Financeira, aponta que as vendas de carros novos no Reino Unido vão descer 4,5% este ano (antes do Brexit as estimativas eram de que as vendas iam crescer cerca de 3%) e 10% no próximo ano, levando a uma queda da produção europeia de 2,5% já em 2017. Números alarmantes, que não deixam antever tempos fáceis para o mercado automóvel europeu.
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