A Renault decidiu ressuscitar a Alpine e tinha, obviamente de começar pela chamada "berlinette", o A110 que granjeou a grande fama para a marca fundada, em 1955, por Jean Rédelé. Estamos a poucos meses de os primeiros modelos serem entregues aos clientes de apenas doze países que, em apenas cinco dias, esgotaram as 1955 unidades (homenageando o ano de fundação) que serão denominadas "Première Edition". Portugal está entre esses países e as encomendas – algumas dezenas, mas o número real mantém-se secreto… – ultrapassaram as expectativas!
A "factura" pelo Alpine A110 Première Edition situa-se nos 66 mil euros e as entregas aos felizes proprietários, certamente apaixonados pelo historial da marca no Mundial de Ralis, no início da década de 70, começarão em Fevereiro próximo. A partir daí, a Alpine passará a produzir o A110, digamos, "normal", sem os detalhes exteriores e interiores que distinguem a versão de lançamento, mas que também poderá ter um preço ligeiramente inferior. A partir da mesma App "Automobiles Alpine" usada para as reservas iniciais do Alpine Première Edition poderão ser feitas as encomendas desses futuros Alpine, embora a sua produção só deva arrancar depois da Primavera. Primeiro, a fábrica de Dieppe terá de "despachar" as 1955 unidades da Première Edition…
Mas será que se justifica toda esta agitação em torno do Alpine, ainda por cima com um preço algo elevado para um pequeno desportivo de 4,18 m de comprimento, por 1,80 m de largura e 1,25 m de altura? Quem já o guiou jura que sim que é dos automóveis mais excitantes construídos nos últimos tempos, colocando-o ao nível de um
Porsche 718 Cayman!
Alpine já tem preço… mas os primeiros já estão esgotados!
A leveza é o grande segredo do A110, com o peso da versão normal a não passar os 1080 kg e mesmo o da Première Edition, mais equipada, a ficar-se pelos 1103 kg, graças a toda a estrutura em alumínio. A caça ao peso foi ao ponto de pedir ao fornecedor de bancos para os fazer mais leves e reduzir a massa das colunas de som dos habituais 1,5 kg para penas 450 g! A suspensão é em triângulos sobrepostos, sistema de eficácia reconhecida até em competição, mas que ocupa muito espaço em tão estreito carro, o que complicou a colocação dos outros componentes.
Assim, o motor ficou colocado transversalmente sobre o eixo traseiro, enquanto o depósito de gasolina teve de ir lá para a frente, sobre o eixo dianteiro. O que até acabou por ser bom, por resultar numa óptima distribuição de peso de 44-56% que serve precisamente o tipo de comportamento que os técnicos franceses pretendiam para o Alpine A110: pode nem ser o mais rápido numa volta a uma pista mas será, certamente, um dos mais divertidos!
O motor é o mesmo do
Mégane R.S., ou seja, o 1.8 Turbo, aqui com 252 cv e 320 Nm, suficientes (graças à leveza da "berlinette") para o levar aos 100 km/h em 4,5 s e atingir os 250 km/h. Também a caixa é a já conhecida do
Clio R.S., com duas grandes patilhas no volante e funcionamento muito rápido. O interior tem uma decoração algo espartana, apenas se destacando o ecrã táctil central, onde se podem escolher os três modos de condução – Normal, Sport e Track – que vão tornando o A110 cada vez mais agressivo e… divertido, podendo ainda desligar-se o ESP para vistosos exercícios de "drift"!
Os comentários são, contudo, unânimes numa qualidade deste A110: o facto de ter uma suspensão convencional, com amortecedores passivos e uma afinação mais para o macia, não o prejudica em condução desportiva, antes pelo contrário. Porque não só o Alpine se mantém um exemplo de eficácia seja em estrada ou em pista, como a sua suspensão permite que a diversão continue mesmo quando os pisos estão mais degradados… onde os desportivos mais "secos" têm de abrandar para que não se perca o controlo!
Poderá o A110 retomar a lenda Alpine? Formas e disponibilidade para espantar pela sua dinâmica não lhe faltam. E a Renault bem precisa que seja um sucesso, pois não quer que a renovada Alpine se fique por aqui. Ao olhar para esta marca ressuscitada, no fundo a Renault vai tendo a Mini no canto do olho…
